“A juíza” (2018) é um documentário dirigido por duas mulheres (Weste e Cohen), que conta a inspiradora história da jurista Ruth Bader Ginsburg (R.B.G.). Recentemente, Ruth se tornou um ícone da cultura pop estadunidense, recebendo o nobre título de “The Notorious R.B.G.”, o qual faz referência ao lendário rapper Notorious B.I.G.. Essa fama na internet se deve aos seus aclamados discursos como Juíza da Suprema Corte (S.C.) dos Estados Unidos, que posteriormente foram estampados em camisetas e cartazes.
Apesar de toda a visibilidade adquirida ao longo dos seus 80 anos de idade, os momentos de sua vida anteriores à fama é que cativaram o respeito e a admiração de todos por essa senhorinha frequentadora de óperas. Weste e Cohen - por meio de entrevistas, fotografias e vídeos de arquivos - contam de forma cronológica a história de R.B.G., explorando sua trajetória desde a época escolar, passando pela sua formação jurídica e atuação como advogada, até seus dias como juíza.
O documentário nos possibilita entender como a vida pessoal de Ginsburg influenciou sua vida profissional e vice-versa. A relação dela com o marido, o seu destaque como mulher estudante de direito e advogada, em conjunto com sua atuação como juíza deixam claro a sua luta e esforço pelo fim da desigualdade de gênero dentro e fora de casa. Desde o início de sua carreira nos anos 60, Ruth teve que contornar o fato de ser uma mulher em um nicho quase, exclusivamente, dominado por homens. Ao longo do tempo, como advogada, R.B.G promoveu uma mudança jurisprudencial significativa sobre o tema. Das seis causas estratégicas levadas à S.C. para demonstrar a existência da desigualdade de gênero, Ruth ganhou cinco.
Como a segunda mulher a assumir o cargo de juíza assistente na S.C, Ginsburg continuou buscando, de forma firme e exemplar, o que acreditava ser uma aplicação mais igualitária do direito constitucional. Compreender o caminho traçado por R.B.G. é entender boa parte da luta contra a desigualdade de gênero nos EUA que marcou a segunda metade do século XX, assim como nos ajuda a vislumbrar posturas coerentes e precisas no âmbito da advocacia e da magistratura constitucional.
No dia 18 de setembro desse ano, aos 87 anos, Ruth Barder Ginsburg descansou de sua exemplar jornada pelo universo jurídico, assim como de sua árdua luta pessoal contra o câncer. Enfim, o famoso “colarinho de divergência” poderá se aposentar, com a certeza de um trabalho bem feito e de que conquistou seu posto de destaque na História da Justiça.
O filme pode ser encontrado nas plataformas Google Play Filmes e Stremio, aproveitem!
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