O ano é 1770, a coroa britânica aumenta os tributos e o cartel de produtos que poderiam ser comercializados, prejudicando a economia americana e intensificando a tensão entre colonos e agentes britânicos, que encontrou seu estopim em um episódio conhecido como O Massacre de Boston, no qual soldados da coroa, supostamente, teriam atacado a tiros uma manifestação pacífica. Nenhum dos advogados da cidade, conscientes da legitimidade da manifestação, aceita a causa dos soldados que permaneciam sem defesa, exceto um advogado de vida simples, apesar de extremamente culto: John Adams (Paul Giamatti).
Adams passou a ser visto como traidor e inimigo do povo, mas permaneceu convicto de que todos tinham direito a serem defendidos em juízo, como um princípio civilizacional que não poderia ser descartado. O advogado conseguiu demonstrar em juízo que o ataque havia partido de manifestantes e logo caiu nas graças da coroa inglesa, que lhe propôs um cargo público prontamente recusado. Os mesmos princípios que o obrigaram a advogar pelos soldados, também o convenceram da legitimidade da luta contra o império.
A minissérie de sete episódios foi lançada em 2008 pela HBO, dirigida por Tom Hooper - vencedor do óscar por O Discurso do Rei -. A produção narra a história do Founding Father John Adams, expondo os bastidores - ou talvez a Sala de Máquinas, como diria Gargarella - da independência americana, bem como os debates que as mentes mais afiadas da época travaram ao estabelecer as bases da república e da Constituição que influenciaram o mundo inteiro – incluindo, com toda certeza, o Brasil republicano. Acompanhe debates com Thomas Jefferson e Benjamin Franklin sobre a legitimidade de uma Constituição escrita, sua necessidade e como deveria projetar-se no tempo; bem como a elaboração da influente Declaração de Independência e do Tratado de Paz com a Grã-Bretanha.
Ainda que desconhecida, a série é extremamente bem feita, com roteiros bem elaborados, atuações impecáveis e uma fotografia digna do melhor do cinema. Leva-nos a reflexão, junto ao próprio Adams, sobre difíceis escolhas pertinentes à definição do futuro de uma nação, as dificuldades do cuidado para com a família e sua esposa que, por diversas vezes, foi a razão de sua lucidez durante o turbilhão típico dos grandes momentos históricos.
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