Por Nelson Gomes
“Olhos que condenam” é uma minissérie original Netflix, baseada em fatos reais, dirigida por Ava DuVernay, que trata sobre o racismo estrutural e institucionalizado no sistema de justiça norte-americano. O programa conta, em 4 partes/episódios, a história de cinco garotos negros que foram presos, condenados e sentenciados por terem, supostamente, estuprarem e espancarem Trisha Meili em uma fatídica noite de 1989, quando faziam uma caminhada noturna.
No decorrer da narrativa, não há qualquer prova da autoria do crime por parte dos meninos, que são interrogados e questionados em contrariedade à legislação criminal norte-americana. A série mostra diversas violações de direitos fundamentais perpetrados, tanto pela atuação do sistema de justiça em face da condição deles enquanto crianças e adolescentes, quanto pelas injustiças impregnadas de racismo que guiavam a atuação policial e judicial no caso.
Além da discussão central acerca da violação grave de direitos decorrente do racismo sistêmico e estrutural, há elementos narrativos capazes de fomentar debates sobre o impacto da desigualdade social que aflige a todos, mas que se agrava entre os negros: mais recursos financeiros são indispensáveis para a contratação de bons advogados, como condição necessária para que defesas técnicas e efetivas sejam garantidas; a dificuldade enfrentada pela família do encarcerado para visitá-lo, pois o presídio estava situado em local distante e de difícil acesso para quem não dispõe de meios de transporte e, por fim, a impotência experienciada diante de uma autoridade branca que não se importa e não entende as opressões sofridas por negros e desvalidos.
Por fim, a série retrata a vida pós-cárcere dos cinco garotos, os quais tornaram-se ativistas pela reforma do sistema de justiça norte-americano, a fim de torná-lo menos racista, seletivo e mais garantidor dos direitos fundamentais, especialmente das pessoas negras. A qualidade da série pode ser constada pelas indicações ao Oscar e ao prêmio de melhor ator no Emmy Awards.
Hozzászólások