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Quem tem medo do feminismo negro?


O livro indicado é de autoria de Djamila Taís Ribeiro dos Santos, graduada em Filosofia e Mestre em filosofia política pela Universidade Federal de São Paulo, além de escritora e colunista do jornal Folha de São Paulo e da Revista Elle Brasil. Djamila é presença marcante em conferências e debates nacionais e internacionais que enfatizam temas sobre relações raciais, de gênero e feminismo. Em 2019, recebeu o prêmio Prince Claus 2019 por produção cultural de destaque.

Na obra “Quem tem medo do feminismo negro?”, a autora reúne suas vivências de mulher preta e seus artigos publicados na revista Carta Capital, nos anos de 2014 a 2017. O livro se inicia com histórias de sua infância e adolescência, relatando que se esforçava para não ser notada, já que ao assumir seu lugar no mundo observava o racismo nas falas dos colegas e nos olhares dos professores. Relembra que fatos cotidianos naturais, como usar seu cabelo solto, só eram possíveis dentro de casa.

Com muito esforço e trabalho árduo de seus pais, terminou o ensino médio com honrarias, falava inglês e ingressou na faculdade. No entanto, tinha dificuldade de se inserir no mercado de trabalho, recebendo apenas propostas de trabalhos informais ou braçais, de péssima remuneração.

Após conhecer a Casa de Cultura da Mulher Negra, passou a trabalhar na biblioteca e a ter contato com textos de mulheres negras feministas e se fortaleceu. As leituras, que tratavam sobre a peculiaridade do feminismo da mulher negra, foram fundamentais para reacender o orgulho por suas raízes e para se sentir mais confortável na sociedade, percebendo sua vez e voz.

Assim, ler a obra de Djamila é ampliar a compreensão sobre raça, classe e gênero no Brasil, em direção a um pensamento dissociado da opressão que um grupo com poder exerce sobre o outro, capaz de contemplar um novo modelo de relação social democrático e humano, pois, como afirma a autora, pessoas e mulheres negras não são tratadas com humanidade.

A leitura é urgente e atual, sobretudo diante do cenário das mortes de vidas negras em nosso país. Lembra-se de João Pedro, adolescente negro morto a tiros dentro de sua própria casa, durante operação policial em São Gonçalo/RJ; de Ágatha Félix, de 8 anos; de Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos e de Kauan Rosário, de 11 anos, todos mortos em decorrência de operações policiais desastrosas.

Quem tem medo do feminismo negro? está disponível em livro físico e virtual nas livrarias, sites e plataformas de e-book. Ótima leitura!


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