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ECCOM

THE GREAT HACK


A imagem trata-se de a foto do rosto do professor David Carroll com o rosto próximo à janela de um carro, com expressão preocupada em ângulo fechado.

Podemos ser manipulados em nossas escolhas eleitorais?

Esse é o questionamento que permeia toda a produção da Netliflix, “Privacidade Hackeda” (2019). O documentário expõe o elevado grau de influência que a empresa de análise de dados Cambridge Anlytica exerceu em campanhas políticas ao redor do mundo e, em especial, na eleição do presidente Trump nos Estados Unidos e no referendo do Brexit.

A ex-funcionária da empresa, Brittany Kaiser, é a principal delatora do esquema de obtenção de dados dos eleitores e personagem central do documentário. Kaiser confessa que os dados dos usuários do Facebook eram coletados e, a partir disso, sua personalidade era mapeada para o direcionamento de conteúdo personalizado, com o intuito de induzir seu comportamento e enquadrá-lo de acordo com a candidatura de um político de turno.

O filme acompanha, ademais, a narrativa de David Carroll, professor da Parsons School of Design, em Nova York, que acrescenta um importante elemento na trama - uma ação judicial, proposta na Inglaterra, contra a empresa Cambridge Analytica que demanda a devolução de seus dados pessoais coletados pela corporação.

Desse modo, o documentário suscita a reflexão sobre o direito de proteção de dados pessoais como um direito fundamental. Por conseguinte, revela de forma contundente como a obtenção de dados de milhões de usuários do Facebook por uma empresa privada é capaz de manipular preferências e, assim, intervir, decisivamente, no jogo democrático.

Ressalta-se que, recentemente, o Supremo Tribunal Federal em decisão histórica reconheceu como direito fundamental à proteção de dados pessoais, ao referendar a Medida Cautelar nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade n. 6387, 6388, 6389, 6393, 6390, suspendendo a aplicação da Medida Provisória 954/2018, que obrigava as prestadoras de serviços de telecomunicações a compartilharem ao IBGE dados de usuários . Nesse sentido, em dimensão subjetiva reconheceu o direito de defesa do indivíduo, e em dimensão objetiva o dever de proteção estatal. Assim, tal reconhecimento é um importante passo para a proteção do cidadão frente as novas formas de controle político que surgem na era do Big Data.

Em 2018, a Cambridge Analytica anunciou o fim de suas operações. Entretanto, é preciso lembrar que o modelo operacional implementado pela empresa sobreviveu a sua existência. As plataformas tecnológicas têm como moeda de troca os nossos dados, e nós nos situamos sob redomas virtuais que filtram a realidade e, dia após dia, influenciam o nosso comportamento. Ao final, o longa adverte que as mesmas plataformas criadas para conectar pessoas são usadas como arma para ferir a integridade das democracias. E os danos ocasionados em nossas democracias não são deletáveis.

Aproveite a indicação!

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